17/12/2010
Roterdã: porta de entrada para a União Europeia
Apesar da queda nos volumes em virtude da crise, o Porto de Roterdã (Holanda) ainda recebe a maior parte da matéria-prima brasileira destinada ao mercado europeu. O trade do complexo holandês com o Brasil é composto basicamente da importação de commodities como o minério de ferro, chegando a 10.304 toneladas. Outros segmentos importantes são alimentícios (cereais, grãos, vegetais e frutas) e granéis líquidos (óleo e combustíveis).
"Roterdã é o ponto de saída mais importante para a indústria produtora de aço na Europa Ocidental", atesta o representante do porto no Brasil, André Lettieri. "Em uma base anual, cerca de 40 milhões de toneladas de minério de ferro são movimentadas pelo complexo, destinadas para os fornos de siderúrgicas como ArcelorMittal, ThyssenKruppSteel, Voest Alpine e Rogesa", afirma o executivo.
A crise econômica afetou os volumes do porto a partir do terceiro trimestre de 2008 e continuou até o segundo trimestre do ano seguinte. Logo depois, houve uma recuperação sólida impulsionada por investimentos governamentais, o fortalecimento do trade chinês e o aumento da participação de mercado em comparação aos concorrentes. "Roterdã teve melhor performance durante a crise devido à força de seu complexo industrial, boas conexões intermodais e sua infraestrutura portuária" diz Lettieri.
A maior parte do minério importado ao porto holandês chega do Brasil. Em 2008, aproximadamente 27 milhões de toneladas de ferro foram movimentadas do País a Roterdã. Um ano depois, o volume apresentou queda de pouco mais do que 10 milhões de toneladas. "Se houve alguma mercadoria mais afetada pela crise de 2009, foi o minério de ferro, com os índices de produção europeus declinando em mais de 30% em relação a 2008", computa Lettieri. No entanto, em 2010 o porto obteve um retorno na produção de aço e na demanda pelo minério e as estimativas para o fechamento do ano apontam uma movimentação de 40 milhões de toneladas da commodity. "Recentemente, tivemos um grande fluxo de exportação de placas de aço do Brasil para o continente europeu, com destino à usina CSA da Thyssen Krupp (Duisburg, Alemanha)".
No segmento de contêineres, o trade com a América do Sul não sofreu as consequências da recessão; mesmo em 2009, houve um incremento de 0,9%, e em 2010 a expansão é de 7,2%. "A demanda estável por produtos alimentícios é a principal razão por este comércio ter sido menos atingido no ano anterior, em relação a outros produtos", afirma.
Além do aço, o trade com o Brasil também conta com projetos e cargas superpesadas. "Muitas turbinas, motores a diesel de grande porte, usinas de energia e equipamentos de óleo e gás são transportados para o Brasil via Roterdã. O porto está muito bem conectado com o território brasileiro por várias companhias de navegação", aponta Lettieri.
Segundo o executivo, de todos os portos da Europa Ocidental, Roterdã tem de longe a localização mais atrativa em relação ao mar. O complexo é um centro industrial de porte global, pelo qual o transporte de mercadorias pela área do cais é efetuado por meio de cinco modais: feeder, transporte interior, rodoviário, ferroviário e dutoviário, além de conexões hinterland e diversas companhias e organizações em atividade no porto e no complexo industrial. A área se estende por mais de 40 quilômetros e tem cerca de 10 mil hectares - sem contar Maasvlakte 2, projeto que faz parte de investimentos na ordem de 545 milhões de euros ainda em 2010. Deste total, 175 milhões de euros irão para a área existente no porto, e 350 milhões seguirão para Maasvlakte 2.
Parceria com portos brasileiros
Além de manter a posição de principal complexo do continente europeu, o Porto de Roterdã tem fornecido sua expertise e infraestrutura para auxiliar o desenvolvimento do setor portuário brasileiro. A administração holandesa prestou consultoria para a fase final de estudos para expandir o Porto de Suape (PE). De acordo com o ministro da SEP (Secretaria Especial de Portos), Pedro Brito, o Brasil tem planos de investir "cerca de US$ 500 bilhões em infraestrutura de portos, aeroportos e ferrovias", por isso a avaliação de Roterdã é importante - a Holanda é a nação europeia que possui mais investimentos no Brasil. "O País, neste momento de grande desenvolvimento, tem expectativa de crescer em torno de 6% neste ano, e isso tudo depende muito da eficiência logística e portuária", disse o chefe da SEP.
O órgão responsável por regular as atividades internacionais entre Roterdã e outros polos portuários é o POR-Int (Port Of Rotterdam International), que estimula joint-ventures com governos ou grandes companhias. "No Brasil, observamos uma economia promissora e tivemos envolvimento no Complexo Portuário de Suape, tendo concluído neste ano a emissão de uma segunda opinião para o Plano Mestre para Suape 2030 e desenvolvido um plano de negócios para o complexo. Em paralelo, investigamos a possibilidade de uma administração em conjunto para elevar o porto em âmbito mundial", aposta Lettieri.
A gerência do porto holandês leva em consideração critérios principais para participação internacional como localização do complexo, organização estrutural, governança corporativa, diversidade de atividades, tipo e duração dos períodos de licitação, criando assim um portfólio de participações em mercados estratégicos.
De acordo com o diretor de projetos do Porto de Roterdã, Mark Evertse, Suape tem um grande potencial na produção oriunda de águas profundas, além de possibilidade de outros tipos de investimentos, como instalação de companhias que podem vir a formar um núcleo industrial como a Maasvlakte.
"Costumamos dizer que Suape é a pérola ou o diamante entre todos os portos brasileiros por conta da localização favorável ao mercado europeu, além de se situar em uma região de alto índice de crescimento. Em nosso plano de negócios mostraremos como o Porto de Roterdã pode acrescentar mais valores a Suape", conclui Evertse.
Além das inovações no porto pernambucano, a SEP está fechando o PNLP (Plano Nacional de Logística Portuária), um estudo nacional de planejamento portuário para todos os complexos públicos do País, a fim de determinar estratégias para o setor entre 2011 e 2030, em conjunto com a Universidade de Santa Catarina. O papel de Roterdã no projeto é analisar e opinar sobre aspectos estratégicos relevantes levantados, como planejamento portuário, economia e financiamento dos portos, aspectos administrativos e institucionais, meio ambiente e outros. O diagnóstico será concluído ao final de 2010, e o plano geral estará pronto no fim de 2011.
domingo, 2 de janeiro de 2011
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