domingo, 25 de outubro de 2009

Porto de Le Havre, na França, está de olho no biodiesel e etanol brasileiro

Porto de Le Havre, na França, está de olho no biodiesel e etanol brasileiro
O complexo portuário quer ser a principal porta de entrada de biocombustíveis brasileiros na Europa

Complexo registrou movimentação recorde em 2008
Que o mundo tem se voltado para o potencial brasileiro no desenvolvimento de biocombustíveis não é novidade. Tanto é que o porto francês de Le Havre já projeta uma demanda futura de movimentação de etanol e biodiesel produzidos no Brasil.
“A tendência é que haja uma maior exportação de biodiesel, pois boa parte da frota europeia é composta de veículos a diesel. No entanto, seja qual for a demanda, estaremos preparados para quando a Europa se abrir para os biocombustíveis do Brasil”, garantiu Jean-Pierre Bernard, representante do porto para o Mercosul e o Chile.
Segundo ele, hoje o porto já possui bastante representatividade no mercado petrolífero e isso será um fator determinante na escolha do complexo para a geração verde de combustíveis. “Somos o segundo terminal em termos de tráfego de petróleo no Norte da Europa”, garante.
Outro objetivo do complexo portuário francês é impulsionar a exportação de alimentos brasileiros, principalmente frutas, carnes e frutos do mar. “Queremos expandir a parceria com o Brasil”, aponta Linda Douet, Diretora de desenvolvimento internacional do porto.
Para isso, a diretora garante que até 2013 o complexo receberá investimentos da ordem de 700 milhões de euros. “Vamos implantar uma plataforma multimodal para tornar os custos logísticos melhores com a união do transporte ferroviário e fluvial, além disso, destinaremos recursos para outras áreas no terminal”, argumenta.
Falando em custos logísticos, esse foi um dos principais pontos destacados por Christian Leroux, Presidente da UMEP (União Marítima e Portuária) e Vice-presidente do conselho de governança do porto de Le Havre, para conquistar os exportadores brasileiros.
“Quando o empreendedor escolhe Le Havre, ao invés de Roterdã, na Holanda, por exemplo, ele deixa de pagar, em média, entre 300 a 500 euros por contêiner. Além disso, o exportador colabora com o meio-ambiente evitando a emissão de CO2, ao abreviar a viagem em 240 quilômetros”, pondera.
Comércio Brasil-França
No ano da França no Brasil, o porto de Le Havre tem muitos motivos para apostar na relação com as empresas brasileiras. Para se ter uma ideia, apenas em 2008 o tráfego entre o País e complexo portuário foi de 600 mil toneladas.
“O Brasil é o primeiro parceiro do porto de Le Havre na América Latina”, garantiu Linda.Segundo dados do complexo, no período, os principais produtos enviados pelo Brasil foram: alimentícios, café, tabaco e madeira e produtos derivados, como móveis. Já o mercado francês, enviou ao mercado brasileiro, principalmente, equipamentos de transporte, autopeças, produtos químicos e de borracha e querosene.
Os dados referentes a este ano não foram divulgados. Além disso, segundo os representantes do porto, ainda não possível fazer projeções para o próximo ano.
Crise
Mesmo com a eclosão da crise econômica mundial, Le Havre bateu recorde de movimentação no ano passado, com o aumento de 1,4% no volume ao operar 80,5 milhões de toneladas.
Este resultado, segundo Leroux, pode ser justificado pelo fato de que grande parte das movimentações portuárias são destinadas a região do Extremo Oriente que, se comparado com o resto do mundo, não sofreu tanto com os impactos da recessão.